domingo, 16 de maio de 2010


A Psico-Oncologia

A oncologia vista a olhos “leigos” tem um conteúdo carregado de negatividades. Quando se fala em câncer os estigmas saltam, os tabus falam por nós e os medos roubam os sentimentos de segurança sobre a vida que, imaginariamente, temos. Porém, o peso das “más notícias” não toma dos nossos muitos dos pacientes o convite constante à vida, à alegria, à ressignificação, às possibilidades!


A experiência de estar com câncer é de grande significação emocional para pacientes, familiares e profissionais, o que é citado por vários autores como Carvalho (2002), Angelo e Bergamasco (2001) e Lorencetti e Simonetti (2005) . Os medos, as expectativas, a falta de conhecimento sobre os tratamentos e as sensações iniciais de aproximação com a morte são fonte de desorganização e comprometimento da homeostase emocional anterior ao câncer, no caso dos pacientes.


Segundo Lorencetti e Simonetti (2005) quando citam Smeltzer e Bare (2002) o câncer é definido como:

“um tecido celular, cujo mecanismo de controle do crescimento normal está alterado, dando lugar ao seu crescimento permanente ou, então, como uma doença que tem início quando uma célula se torna anormal devido à transformação por mutação genética do DNA celular, que começa a se proliferar anormalmente. Essas invadem tecidos circunvizinhos, acessando os vasos linfáticos e sangüíneos, através dos quais podem ser transportadas para outras áreas do corpo formando metástases” (p.945).



Os tratamentos da doença, então, se diferenciam de acordo com o tipo de tumor e as características pessoais do paciente. Estes vão, portanto, desde procedimentos que visam à cura ou uma sobrevida mais prolongada, até a atenção voltada para a qualidade de vida do paciente cujo prognóstico é reservado. Nesse entorno estão envolvidos a radioterapia e a braquiterapia, a quimioterapia, a iodoterapia e os procedimentos cirúrgicos.


Diante de todas as alterações na rotina necessárias durante o tratamento, os pacientes vivenciam diferentes sentimentos e precisam buscar recursos próprios de enfrentamento. Segundo Peçanha (2009) isso representa um “processo de mobilização emocional, comportamental e cognitiva visando à adaptação a situações que mudam em cada etapa da doença” (p.209).

Cada pessoa, diante do seu contexto social, do suporte familiar oferecido, do vínculo com a equipe de saúde, da significação que dá à doença e ao tratamento, encontra sua própria forma de organizar-se emocionalmente em meio à nova realidade.

A Psico-oncologia se coloca então nessa interface em que cuidados médicos e psicológicos andam lado a lado. Nasce de uma fusão, então, de conhecimentos teóricos da psicossomática, da psicologia da saúde e da oncologia.

Carvalho (2002) coloca que a psicologia pode facilitar “a transmissão do diagnóstico, a aceitação dos tratamentos, o alívio dos efeitos secundários destes, a obtenção de uma melhor qualidade de vida e, no paciente terminal, de uma melhor qualidade de morte e do morrer” (p.152). Desta forma, a psicologia pode auxiliar na elaboração do processo de adoecer, do tratamento e na reabilitação desse paciente. “Ao escutarmos sua dor, validamos sua coragem, sua luta e sua força” (Walsh e McGoldrick, 1998).

Assim, utilizando a definição trazida por Silva e Bervique (2005) com base nos estudos de Pazotto (2002):

“... a Psico-oncologia se preocupa em apresentar e proporcionar ao paciente o prazer pela vida, trabalhando suas angústias, fortalecendo suas convicções de que o tratamento é eficiente e de que existem poderosas defesas em seu corpo, desmistificando crenças errôneas, elaborando conflitos existentes e, enfim, facilitando ao paciente a obtenção de uma clara percepção sobre si mesmo, com o objetivo de que passe a acreditar na possibilidade de resolver os problemas que forem surgindo e, assim, participar ativamente da busca de qualidade de vida” (p. 9-10).

Tâmara Oliveira de Araújo

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